A tendência a negligenciar o corpo, no zelo de se alcançar o eu espiritual, é freqüentemente encontrada entre aspirantes.
Entretanto, não se pode corretamente separar um do outro e devem ser considerados em conjunto, se se espera um bom resultado final.
Todo homem — e o aspirante não é uma exceção a esta regra — vive em ambos os planos da existência. A negligência para com o corpo não pode ser justificada pela afirmação de que não há interesse nele porque todo o interesse foi elevado acima dele.
A despeito de qualquer afirmação mental ou pretexto verbal que o aspirante profira, ele ainda permanece abrigado na carne e ainda é responsável pelo que faz — ou deixa de fazer — por esse abrigo.
Se permite que se deteriore, que se obstrua com venenos e não execute mais suas funções orgânicas adequadamente, acontecerá uma reação sobre a mente e uma repercussão sobre os sentimentos que inevitavelmente penetrarão no seu modo de ver as coisas e o forçarão a reconhecer que seus pés estão plantados na terra, não importa o que seus olhos possam estar fitando.
O corpo é tanto uma projeção divina quanto o é o planeta que ele habita. Não é demoníaco, nem mesmo um símbolo da triste queda do homem.
Cada célula de tecido, cada célula óssea, cada célula nervosa e cada célula muscular de que é construído é, em si mesma, uma expressão da inteligência e propósito divinos. É uma cópia em miniatura do universo.
Do livro: Idéias em Perspectiva, de Paul Brunton